O “abrupto” e os outros blogues
Este meu blogue tem funcionado, quase sem dar por isso, como um simples bloco de notas, no qual vou registando aquilo que me vai ocorrendo, observando e estudando, aguçado pela insaciável curiosidade - sempre que possível gravada em fotografia - e irrequietismo que me caracteriza. Sem grandes preocupações de esconder aquilo que me vai na alma, em determinados momentos da minha vida. Já se sabe que as experiências de vida por que cada um de nós passa, podem vir a ser de utilidade, nunca se sabe para quem e em que circunstâncias. E como não tenho nada a esconder, salvo um ou outro pecadito, que espero me seja perdoado na Hora do Juízo Final!...
Com as atenuantes que já estão registadas no meu cadastro, penso que só um juiz implacável e atordoado com dogmas e interpretações radicais da letra dos códigos que regem a nossa vida, é que me condenaria ao fogo do inferno!...
Acabei de ler um artigo de José Pacheco Pereira, do “Abrupto”. Confesso que tive alguma dificuldade em entender o alcance de algumas das suas intrincadas deambulações pela análise da actual situação da blogosfera. Como intelectual de referência, para além de político de renome e um dos grandes privilegiados no acesso à cultura, temos que admitir que as suas congeminações são de ter na devida conta.
De qualquer modo não apreciei por aí além algumas das suas tiradas, tais como:
- Os blogues não gostam de ser objecto de críticas e, como é obvio, têm uma alta noção de si próprios e estão tão cheios de autocomplacência e de elogios mútuos que consideram um anátema qualquer discurso que lhes pareça exterior e que os ponha em causa, a eles e às regras do jogo que estabeleceram.;
Não me parece que seja o caso da maior parte dos blogues, na medida em que não bloqueiam a entrada directa de comentários. O “abrupto”, esse não faculta esta ferramenta do blogue; somente a inserção condicionada do seu próprio autor.
- …os blogues serão apenas mais uma câmara de ressonância da pobreza da nossa vida cívica.
Sabe, Snr. Dr., muitos de nós, que andamos pelos blogues, fazemo-lo como uma forma de intervenção na nossa vida cívica. Basta ler-nos com um mínimo de atenção e não com olhar desconfiado e superficial. Estes “coitadinhos” não são tão pobrezinhos culturais como isso, a necessitar de ir para a escola acabar os seus estudos, licenciaturas, mestrados, doutoramentos, professores catedráticos. Aqui, na blogosfera, também anda gente que não vive das Academias nem da Cultura e Política profissionais mas que, mesmo assim, despende muito do seu tempo livre, participando, com os seus blogues, na promoção da cultura, através de trabalhos de estudo e investigação particular, a suas expensas e que os disponibilizam publicamente sem qualquer contrapartida financeira. E há outra questão complementar que será importante relevar: os blogues estão a proporcionar excelentes motivações para que o próprio bloguista se mantenha actualizado, seja do ponto de vista científico, seja do ponto de vista da participação da vida da sociedade em geral, emitindo as suas opiniões, que melhor fora que certas pessoas/instituições decisórias as ouvissem com mais atenção e humildade.
Tenho tido os meus momentos de algum desânimo, ao mesmo tempo que vou assistidindo com frequência ao nascimento e morte de vários outros blogues. Como em tudo na vida temos que nos esforçar por levar avante os trabalhos e obras em que acreditamos.
Choca-me bastante ler com frequência o “abrupto” a desconsiderar os “outros blogues”, quase na generalidade, como se arrogasse a autoridade intelectual e mediática de nosso mentor, subalternizando e menosprezando a nossa inteligência e cultura.
É assim que, ao dealbar do ano III deste meu blogue “dispersamente” cá continuo.
Espero que este meu trabalho ou hobby, como lhe queiramos chamar, possa continuar a merecer a atenção dos que me vão descobrindo e possa também proporcionar eventuais pistas para posteriores trabalhos de maior fôlego.
Leiria, 1 de Janeiro de 2008
António A S Nunes
http://dispersamente.blogspot.com
Este meu blogue tem funcionado, quase sem dar por isso, como um simples bloco de notas, no qual vou registando aquilo que me vai ocorrendo, observando e estudando, aguçado pela insaciável curiosidade - sempre que possível gravada em fotografia - e irrequietismo que me caracteriza. Sem grandes preocupações de esconder aquilo que me vai na alma, em determinados momentos da minha vida. Já se sabe que as experiências de vida por que cada um de nós passa, podem vir a ser de utilidade, nunca se sabe para quem e em que circunstâncias. E como não tenho nada a esconder, salvo um ou outro pecadito, que espero me seja perdoado na Hora do Juízo Final!...
Com as atenuantes que já estão registadas no meu cadastro, penso que só um juiz implacável e atordoado com dogmas e interpretações radicais da letra dos códigos que regem a nossa vida, é que me condenaria ao fogo do inferno!...
Acabei de ler um artigo de José Pacheco Pereira, do “Abrupto”. Confesso que tive alguma dificuldade em entender o alcance de algumas das suas intrincadas deambulações pela análise da actual situação da blogosfera. Como intelectual de referência, para além de político de renome e um dos grandes privilegiados no acesso à cultura, temos que admitir que as suas congeminações são de ter na devida conta.
De qualquer modo não apreciei por aí além algumas das suas tiradas, tais como:
- Os blogues não gostam de ser objecto de críticas e, como é obvio, têm uma alta noção de si próprios e estão tão cheios de autocomplacência e de elogios mútuos que consideram um anátema qualquer discurso que lhes pareça exterior e que os ponha em causa, a eles e às regras do jogo que estabeleceram.;
Não me parece que seja o caso da maior parte dos blogues, na medida em que não bloqueiam a entrada directa de comentários. O “abrupto”, esse não faculta esta ferramenta do blogue; somente a inserção condicionada do seu próprio autor.
- …os blogues serão apenas mais uma câmara de ressonância da pobreza da nossa vida cívica.
Sabe, Snr. Dr., muitos de nós, que andamos pelos blogues, fazemo-lo como uma forma de intervenção na nossa vida cívica. Basta ler-nos com um mínimo de atenção e não com olhar desconfiado e superficial. Estes “coitadinhos” não são tão pobrezinhos culturais como isso, a necessitar de ir para a escola acabar os seus estudos, licenciaturas, mestrados, doutoramentos, professores catedráticos. Aqui, na blogosfera, também anda gente que não vive das Academias nem da Cultura e Política profissionais mas que, mesmo assim, despende muito do seu tempo livre, participando, com os seus blogues, na promoção da cultura, através de trabalhos de estudo e investigação particular, a suas expensas e que os disponibilizam publicamente sem qualquer contrapartida financeira. E há outra questão complementar que será importante relevar: os blogues estão a proporcionar excelentes motivações para que o próprio bloguista se mantenha actualizado, seja do ponto de vista científico, seja do ponto de vista da participação da vida da sociedade em geral, emitindo as suas opiniões, que melhor fora que certas pessoas/instituições decisórias as ouvissem com mais atenção e humildade.
Tenho tido os meus momentos de algum desânimo, ao mesmo tempo que vou assistidindo com frequência ao nascimento e morte de vários outros blogues. Como em tudo na vida temos que nos esforçar por levar avante os trabalhos e obras em que acreditamos.
Choca-me bastante ler com frequência o “abrupto” a desconsiderar os “outros blogues”, quase na generalidade, como se arrogasse a autoridade intelectual e mediática de nosso mentor, subalternizando e menosprezando a nossa inteligência e cultura.
É assim que, ao dealbar do ano III deste meu blogue “dispersamente” cá continuo.
Espero que este meu trabalho ou hobby, como lhe queiramos chamar, possa continuar a merecer a atenção dos que me vão descobrindo e possa também proporcionar eventuais pistas para posteriores trabalhos de maior fôlego.
Leiria, 1 de Janeiro de 2008
António A S Nunes
http://dispersamente.blogspot.com
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