1989 talvez, seria tudo uma questão de ir consultar os meus apontamentos, mas tenho quase a certeza que terá sido por esses tempos, militava eu ativamente no PS de Leiria. O Cândido Ferreira era um dos militantes mais interventivos e com grande capacidade intelectual e comunicativa. Candidatou-se à Câmara Municipal de Leiria pelo PS e eu era um dos elementos que faziam parte do seu grupo de trabalho (como hoje tanto se gosta de dizer).
Saímos derrotados pelo Engº Lemos Proença, lembram-se dele? Foi Presidente da Câmara de Leiria pelo PSD e depois pelo CDS. Uma data de anos à frente da Câmara. Após o que, literalmente, desapareceu de circulação. Ainda vou à procura dum calendário de bolso dessa candidatura, que devo ter por aqui, para arrumar, depois dumas mudanças a que fui obrigado cá em casa.
Há muito que não tenho ocasião de falar com Cândido Ferreira, que seguiu uma carreira brilhantíssima como médico nefrologista, especializando-se em clínica de diálise. No ano passado demitiu-se(*), finalmente, do PS, depois de ter afrontado o todo poderoso de então, José Sócrates, nas primeiras diretas para o Partido.
Na próxima quinta feira vai lançar em Leiria, na "Livraria Arquivo" o seu novo romance "Setembro Vermelho".
Concorde-se ou não com as suas desassombradas opiniões, e na tradição de uma plêiade de médicos escritores, não será difícil reconhecer que Cândido Ferreira é dotado de uma rara cultura e sensibilidade, e de um forte humanismo, que se derrama profusamente, página a página.
A Minerva Coimbra acredita que Setembro Vermelho é uma das raras obras que certamente vai ficar como um referencial daqueles que nestes tempos em que a esperança fenece, não desistem de ir à procura de um mundo melhor.
Depois da crítica ter unanimemente realçado o valor literário dos seus dois primeiros romances, “A Paixão do Padre Hilário” e “O Senhor Comendador – Retratos de um Portugal de Abril”, em boa hora Cândido Ferreira resolveu emergir da sua Gândara natal e brindar-nos com um longo texto, em que se manifesta com a pujança de um autor já maduro, que “perdeu” milhares de horas para produzir uma obra que marcará certamente o leitor e que, segundo o autor, "abala Coimbra".
Tantos anos passados, porque não deixar aqui e nesta oportunidade, esta minha saudação ao homem de cultura e militância cívica, que é Cândido Ferreira, à mistura com um sentimento nostálgico dos velhos tempos em que eu ainda acreditava que valia a pena militar pelos ideais propagandeados por um partido como o PS Português
(quem se lembra de a primeira sigla ser precisamente "PSP", durante pouquíssimo tempo, mas foi usada, logo nos primeiros tempos do pós 25 de Abril)?
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