Thursday, October 25, 2012

Invocando Natália Correia, tão fartos que estamos desta guerrilha permanente em tempos de austeridade febril e agoirenta!

 Quem, no outono de 2012, sai da Marinha Grande a caminho de S. Pedro de Moel...
Quem está na rotunda antes de subir para o Sítio da Nazaré e olha, num fim de tarde de outono, para o mar...


ODE À PAZ

Pela verdade, pelo riso, pela luz, e pela beleza,
Pelas aves que voam no olhar de uma criança,
Pela limpeza do vento, pelos actos de pureza,
Pela alegria, pelo vinho, pela música, pela dança,
Pela branda melodia do rumor dos regatos,
Pelo fulgor do estio, pelo azul do claro dia,
Pelas flores que esmaltam os campos, pelo sossego dos pastos,
Pela exactidão das rosas, pela Sabedoria,
Pelas pérolas que gotejam dos olhos dos amantes,
Pelos prodígios que são verdadeiros nos sonhos,
Pelo amor, pela liberdade, pelas coisas radiantes,
Pelos aromas maduros de suaves outonos,
Pela futura manhã dos grandes transparentes,
Pelas entranhas maternas e fecundas da terra,
Pelas lágrimas das mães a quem nuvens sangrentas
Arrebatam os filhos para a torpeza da guerra,
Eu te conjuro ó paz, eu te invoco ó benigna,
Ó Santa, ó talismã contra a indústria feroz.
Com tuas mãos que abatem as bandeiras da ira,
Com o teu esconjuro da bomba e do algoz,
Abre  as portas da História,
……………………………….. Deixa passar a Vida!

Natália Correia
1989
(Vai-se dizer poesia
e falar da poetisa,
na biblioteca municipal
de Alcanena, 
sábado que vem)

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