A escolha da Bandeira para simbolizar a Unidade Nacional em torno do ideário Republicano do 5 de Outubro de 1910 assumiu contornos bastante controversos em que intervieram personalidades do mais alto gabarito e que, mesmo assim, não se resumiu a uma questão meramente académica ou literária.
Nesta querela envolveram-se poetas como Guerra Junqueiro, Afonso Lopes Vieira, Bernardo de Passos, Alexandre Fontes e outros ilustres homens de letras, professores universitários, ideólogos e jornalistas com arreganhos de polémicas furiosas (Bruno, Lopes de Mendonça, Abel Botelho, Teófilo Braga, etc.), políticos (Machado Santos) e artistas apolíticos como Columbano.
A polémica que mais se popularizou foi a que se travou entre Junqueiro, em defesa das cores azul e branca e Teófilo a favor do conjunto verde-rubro.
Esta questão que, aparentemente, se poderia apresentar como uma simples guerra do alecrim e da manjerona, acabou por se enredar em infinitas argumentações, tendo prevalecido a ideia mítico-simbólica do verde-rubro, de conformidade com a deliberação da comissão oficial da nova bandeira da República Portuguesa composta por cinco vogais. O relatório desta deliberação foi confiado ao general Abel Acácio, também conhecido por Abel Botelho.
Este relatório é merecedor duma leitura atenta já que é neste documento que se justificam as razões da escolha do bicromatismo verde-rubro e se faz o apelo para uma interpretação ideológica e psicológica da Bandeira que viria a ficar até ao presente como o símbolo de Portugal como Nação Republicana. Neste relatório ficaram registadas as justificações das escolhas dos símbolos que compõem toda a bandeira. Foi aprovado por unanimidade em reunião de 15 de Novembro de 1910.
Em muitas ocasiões mais controversas levantou-se a pertinente questão de se não ter feito um plebiscito popular para se escolher a Bandeira da República Portuguesa.
Este ano de 2010 decorrem as comemorações do Centenário da República, durante as quais se vão gastar 50 milhões de Euros. Dado o actual estado precário das contas Públicas do Estado Português não se devia ter optado por um programa comemorativo menos dispendioso? Penso que sim. Até porque é dos parcos haveres de cada Português que sai a colecta para fazer face a estas comemorações que a todos nós dizem directamente respeito...
Apesar de tudo, VIVA A REPÚBLICA!
Para mais e mais profundos estudos sobre este tema pode ler-se o Vol. X da "História de Portugal - Dos tempos Pré-Históricos aos nossos dias", Coordenação de João Medina, ediclube, págs. 164 e outras.
No comments:
Post a Comment