A LIBERDADE é VERDE
A LIBERDADE é VERDE e VERMELHA
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Qual a cor da liberdade?
É verde, verde e vermelha.
Esses ricos sem vergonha,
esses pobres sem futuro,
essa emigração medonha,
e a tristeza uma peçonha
envenenando ar puro.
Qual a cor da liberdade?
É verde, verde e vermelha.
Essas guerras de além-mar
gastando as armas e a gente,
esse morrer e matar
sem sinal de se acabar
por política demente.
Qual a cor da liberdade?
É verde, verde e vermelha.
Quase, quase cinquenta anos
durou esta eternidade,
numa sombra de gusanos
e em negócios ciganos,
entre mentira e maldade.
Qual a cor da liberdade?
É verde, verde e vermelha.
Saem tanques para a rua,
sai o povo logo atrás:
estala enfim altiva e nua,
com força que não recua,
a verdade mais veraz.
Qual a cor da liberdade?
É verde, verde e vermelha.
jorge de sena
[Lisboa, 1919-1978]
in CANTIGA DE ABRIL, livro "Os poemas da minha vida" - Jerónimo de Sousa, ed. Público - 2005
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E hoje, 25 de Abril de 2010, 36 anos decorridos desde esse mítico 25 de Abril de 1974?
- Que Democracia?
- Os ricos cada vez mais ricos e os pobres cada vez mais pobres.
- O Estado a dar esmolas, hipocritamente, como que a penitenciar-se dos desmandos dos seus dirigentes.
- A Economia desorganizada, quase desmantelada, pela falta de estratégia nacional e de defesa do interesse público.
- O egoísmo das corporações profissionais e económicas a sobrepor-se cegamente aos superiores interesses da comunidade.
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