Tive, recentemente, o privilégio de ser introduzido num grupo de pessoas que se dedicam à poesia e à literatura em geral e que irradia a sua actividade a partir da Biblioteca Municipal de Alcanena.
A minha formação académica de base teve como objectivo primeiro preparar-me para trabalhar nas áreas da contabilidade e da gestão de empresas. Ainda que naquele tempo - anos 60 - o plano curricular de cursos mais virados para as ciências disponibilizasse uma razoável dose de conhecimentos de cultura geral, designadamente na esfera dos temas sobre a Literatura Portuguesa. Não admirará, portanto, que não poucas vezes, me possa sentir demasiado exposto à crítica dos leitores deste blogue, ao me permitir tornar públicas as minhas deambulações pelas mais variadas áreas da Literatura e das Artes em geral e dos seus actores, como sejam os escritores consagrados e os que, de alguma forma, me possam cativar com os seus trabalhos e pela sua sensibilidade. Decerto que me entenderão e me perdoarão as mais que possíveis insuficiências que irei manifestando, inevitavelmente. Afinal, venho para este meu blogue, escrever para aprender. E partilhar o que vou constatando...
SOLDADOS
Sentiu a mão de um amigo tocar-lhe
no ombro. Sob o peso
do sol
cintilavam as águas do rio.
Não fora ainda o último silêncio
a agonia de termos escutado
as aves de África. Porquê
olhar o azul? Entre duas palmeiras
passou uma nuvem, dizemos
adeus.
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A minha formação académica de base teve como objectivo primeiro preparar-me para trabalhar nas áreas da contabilidade e da gestão de empresas. Ainda que naquele tempo - anos 60 - o plano curricular de cursos mais virados para as ciências disponibilizasse uma razoável dose de conhecimentos de cultura geral, designadamente na esfera dos temas sobre a Literatura Portuguesa. Não admirará, portanto, que não poucas vezes, me possa sentir demasiado exposto à crítica dos leitores deste blogue, ao me permitir tornar públicas as minhas deambulações pelas mais variadas áreas da Literatura e das Artes em geral e dos seus actores, como sejam os escritores consagrados e os que, de alguma forma, me possam cativar com os seus trabalhos e pela sua sensibilidade. Decerto que me entenderão e me perdoarão as mais que possíveis insuficiências que irei manifestando, inevitavelmente. Afinal, venho para este meu blogue, escrever para aprender. E partilhar o que vou constatando...
Por consenso, mas a sugestão do Dr. Óscar Martins, coordenador do grupo em questão e Director da Biblioteca Muncipal de Alcanena, ficou assente que proximamente se iria analisar a vida e obra literária de Fernando Pinto do Amaral, actualmente comissário do Plano Nacional de Leitura (desde Dezembro de 2009).
Fernando Pinto do Amaral nasceu em Lisboa a 12 de Maio de 1960 e é poeta, crítico literário e professor da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (desde 1987).
É doutor em Literatura Românica.
A sua obra literária na área da tradução já lhe valeu o Prémio do Pen Club e o Prémio da Associação Portuguesa de Tradutores, com o trabalho “As Flores do Mal”, de Baudelaire.
De entre as publicações que constam do seu curriculum poderei referir (por as ter consultado ainda que muito superficialmente, tenho que o admitir):
- Um Século de Poesia, edição especial da revista “A Phala”, Dezembro de 1988 (Como membro do grupo organizador);
- Acédia (1990, Poesia);
- O Mosaico Fluido – Modernidade e Pós-Modernidade na Poesia Portuguesa Mais Recente (1991, Prémio de Ensaio Pen Club);
- Na Órbita de Saturno (1992, Ensaio);
- A Luz da Madrugada (2007, Poesia).
Em Fevereiro de 2008 recebeu, em Madrid, o Prémio Goya, na categoria de Melhor Canção Original pelo seu Fado da Saudade, interpretado por Carlos do Carmo no filme Fados, de Carlos Saura.
Do que li de Fernando Pinto do Amaral apreciei sobremaneira o texto da sua introdução do Ensaio “Na Órbita de Saturno”.
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Porque terá sido que a minha atenção se fixou neste poema escrito na pág. 41 de Acédia?:
SOLDADOS
Sentiu a mão de um amigo tocar-lhe
no ombro. Sob o peso
do sol
cintilavam as águas do rio.
Não fora ainda o último silêncio
a agonia de termos escutado
as aves de África. Porquê
olhar o azul? Entre duas palmeiras
passou uma nuvem, dizemos
adeus.
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