Wednesday, May 30, 2012

Júlio Dantas na vida de Acácio de Paiva


Nas minhas buscas incessantes à procura de informações sobre factos ou personalidades que tenham alguma ligação, ainda que ténue, com Acácio de Paiva (tenho-o evocado insistentemente nestes últimos tempos), encontrei o livro "Júlio Dantas - Uma vida*Uma Obra*Uma Época" da autoria de Luis de Oliveira Magalhães, ed. Romano Torres, de 1963.

Comprei-o há uns anos num alfarrabista de feira das velharias, por 1 €uro, em Monte Gordo.


Acontece que a vida de Acácio de Paiva se cruzou com a de Júlio Dantas em várias ocasiões, particularmente, nas suas atividades literárias, jornalísticas e do Teatro de Revista do princípio do século passado.
Oliveira de Magalhães era também crítico teatral e amigo pessoal de Júlio Dantas.


Quer Júlio Dantas quer Acácio de Paiva  escreveram em parceria com Ernesto Rodrigues, várias peças de teatro, designadamente, "A Santa Inquisição" em março de 1910 e "Sol e Dó", em 1909.
De relevar a importância da ação de Ernesto Rodrigues na renovação do Teatro de Revista na fase de transição para a I República, particularmente através do movimento "A Parceria" (1912-1926).


A partir de Julho de 1916 Acácio de Paiva substituiu Júlio Dantas na "Crónica do Mês" na célebre e histórica revista "Illustração Portugueza", mantendo, em simultâneo a responsabilidade pela manutenção de "O Século Cómico" como seu Diretor, incorporada na IP por necessidades de gestão do papel que escasseava por causa da I Guerra Mundial.



Muito mais haveria a escrever (ler também "O Teatro de Revista e a I República - Ernesto Rodrigues e A Parceria (1912-1926)).


Em jeito de apontamento, julgo ter interesse a seguinte passagem do livro de Oliveira Magalhães acima referido:
(...)
"passou, pouco depois, pelo Correio da Manhã(**); estudante ainda, chefiou a Renascença; tornou-se, mais tarde, assíduo colaborador da Imprensa periódica; hoje uma, amanhã outra, todas as secções de que se compõe um jornal, desde o artigo de fundo ao folhetim, desde a crónica à crónica mundana, desde a crítica literária à crítica artística, desde o suelto à gazetilha, se lhe tornaram familiares; e se reunisse toda a colaboração dada por ele aos jornais, durante mais de sessenta anos, quantos volumes, verdadeiramente enciclopédicos, se arescentariam à sua ficha bibliográfica! Uma parte dessa colaboração foi, é certo, reunida em volume e ainda bem que o foi..."
(...)


Infelizmente, ainda que Acácio de Paiva tenha feito um percurso no Jornalismo muito parecido com o de Júlio Dantas, as suas famosíssimas "Fitas da Semana" com que semanalmente, no Diário de Notícias, fazia sorrir Portugal inteiro com os seus dotes prodigiosos de artista e de improvisador, para além das inumeráveis poesias humorísticas e dos mais diversificados estilos literários,  ficaram sem conhecer a perpetuidade da publicação em livro. O que é uma grande falha que está a ser de difícil resolução até porque Acácio de Paiva assinava muitos dos seus trabalhos com pseudónimos, alguns que até ele próprio os esqueceu.
Valha-nos que, em sua vida, ainda publicou um livro, "Fábulas e Historietas", chegando, assim, com relativa facilidade, ao nosso conhecimento. Por sinal a sua publicação passou despercebida em Leiria, o que muito desiludiu o seu autor.


Júlio Dantas (*) chegou a escrever a Acácio de Paiva demostrando o seu apreço pelo trabalho multifacetado que vinha desenvolvendo.
...

(*) (Lagos, 19 de Maio de 1876 — Lisboa, 25 de Maio de 1962 (86 anos))
(**) do Brasil.

@as-nunes

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