Tuesday, February 20, 2007

Centenário do Nascimento de Miguel Torga (II)


Comunicado

.
Na frente ocidental nada de novo.

O povo

Continua a resistir.

Sem que ninguém lhe valha,

Geme e trabalha

Até cair.
.
Miguel Torga
Coimbra, 18 de Abril de 1961

9 comments:

Rosario Andrade said...

Bom dia!
Miguel Torga é um dos meus favoritos. Talvez por ser transmontano a escrita é térrea, com a qual me identifico.

Acho que é uma excelente ideia a de esculpir em cimento. Eu sugeria: primeiro realizar esboços precisos do que pretende obter. É muito mais fácil chegar ao resultado se se tiver um plano. Segundo, fazer os esqueleto em madeira deixando i interior oco. Cimento e seixos sao materiais pesados, se a escultura for maciça será impossivel mover a peça sem ajuda de maquinaria.
Por outro lado, o cimento é bastante fluido e acombinação com as pedras pode provocar a derrocada da escultura enquanto ela nao secar.
Assim pode construir a figura talvez por camadas verticais, deixando secar a anterior antes de aplicar uma nova, ou planear muito bem e fazer um exosqueleto e preenchendo-o com o cimento. Um dos problemas será que depois de seco, o material não dará grandes hipóteses de modificar as formas. Poderá talvez fazer alterações enquanto a escultura está semi-seca.
Será interessantissimo ver o resultado! Bom trabalho
Bjicos

asn said...

Que bela surpresa!
Cheguei agora mesmo e deparei com esta interessantíssima sugestão. Aliás, para mim, estas indicações são mais que meras sugestões. Constituem um autêntico curso rápido que me vai ajudar imenso. É verdade...ando com umas ideias relativamente a esculpir em cimento, se é que a expressão me é permitida. Com o uso conjunto de seixos. Não sei se não terei que me socorrer de outros materiais mais rugosos para conseguir moldar os trabalhos em mente. Um deles vai ser o "tuiki", um cão que viveu 17 anos no seio da nossa família. No lugar onde foi enterrado existe hoje, 4 anos passados, uma palmeira, bem bonita que ela está, por sinal. Provavelmente irei embutir a sua silhueta em alto relevo na parede do muro, ali mesmo ao pé.
-
Para quem tiver interesse em acompanhar os antecedentes deste diálogo, podem consultar http://impressoeseintimidades.blogspot.com/2007/02/minha-galeria_20.html

Bj
António

al cardoso said...

Isto que o Miguel Torga escreveu em 1961, podia muito bem escrever-se hoje, nao acha?

Um abraco d'algodres.

chanesco said...

Meu caro António

A falta de tempo tem-me roubado a possibilidade de fazer regularmente a ronda pelas capelinhas.
Nem dei por passar o post em que o meu amigo passou com 60 às costas. Quando nasceu, já Miguel Torga carregava com 40 e tinha a "alma grande" e fazia exultar os valores da ruralidade.

Abraço

Arte por um Canudo 2 said...

Sempre actual.Quem diria que passados tantos anos os problemas eram os mesmos. Miguel Torga um visionário? Parece que sim para mal do povo.Geme e trabalha até caír, nada mais que isso.Presto também a minha homenagem a Miguel Torga. um abraço

Menina_marota said...

Miguel Torga... emociono-me sempre a lê-lo.

"Senhor meu, Sancho Pança enlouquecido,
Servo vencido
Na terra sonhada,
Tem a coragem da verdade nua:
Olha esta Ibéria que te foi roubada,
E que só terá paz quando for tua.

Ergue a fronte dobrada
E começa a façanha prometida!
Cumpre o voto da nova arremetida,
Feito aos pés de quem foi
O destemido herói
Da batalha de ser fiel à vida!

Nega-se a ser passiva testemunha
Do amor cobiçoso
Que os falsos namorados
Fazem crer impoluto e arrebatado
Àquela que reflecte o céu lavado
Nos olhos confiados.

Venha o teu grito de transfigurado:
Ai, no se muere!... E a Donzela acorda
E renega o idílio traiçoeiro.
Venha o Sancho da lança e do arado,
E a Dulcineia terá, vivo a seu lado,
O senhor D. Quixote verdadeiro!

PESADELO DE D. QUIXOTE

Sancho: ouço uma voz etérea
Que nos chama...
Ibéria, dizes tu?!... Disseste Ibéria?!
Acorda, Sancho, é ela a nossa dama!

Pois de quem hão-de ser estes gemidos?!
Pois de quem hão-de ser?!
Só dela, Sancho, que nos meus ouvidos
Anda o seu coração a padecer...


Ergue-te Sancho! Quais moinhos?! Quais?!
Ai! Pobre Sancho, que não sabes ver
Em moinhos iguais
Qual deles é só moinho de moer!..."

[Miguel Torga, in Poemas Ibéricos (1965)]


Com um abraço para ti e tua esposa cheio de afeição :)

maria said...

:)
Hoje é dia 23. Mais uma data a não esquecer, ainda que (esta) triste.

Como diz o al cardoso, podia ter sido escrito hoje... é que, por este lado da vida, anda toda a gente demasiado como as "formiguinhas" e seria tão bom que algumas houvesse que cantassem, como o Zeca,
"... Mudem de rumo ..."

Guilherme Roesler said...

Bom dia ASN!

Poema perfeito, além de ser, como sempre, verdadeiro em cada palavra.

Abraços, Guilherme

asn said...

O endereço do blogue do Guilherme Roesler é: http;//gazetacultural.blogspot.com
Lições de análise cultural e perspectivas diversas do conhecimento...um blogue a acompanhar.
Obrigado Guilherme, pelas visitas frequentes a esta tertúlia, mais pobrezinha, mas igualmente entusiasta e aberta à divagação!...
Abraço
António
- Parece que anda muito boa gente a queixar-se que tem sentido dificuldades em deixar comentários neste meu/nosso blogue. Espero que essa arrelia seja resolvida rapidamente por parte dos informáticos do Beta Blogger (que dizem que já não é Beta!?).
Não tenho notado nada de anormal. Mas agradeço as v/ sugestões.
Um abraço a todos os que aqui param um bocadinho que seja...O mundo da Net e da Blogosfera está a ficar tão grande/Imenso/quase etéreo (ou será mesmo isotérico?!) que é um privilégio saber que merecemos a visita de pessoas que, por qualquer razão, se identificam connosco!...
António Nunes