Como ia dizendo…
Estávamos em 13 de Junho de 1969. O avião da TAP levantava voo do Aeroporto de Lisboa. Eu ia lá dentro meio entontecido pelo momento de múltiplas emoções que me assaltavam o espírito. Esperavam-me 15 horas de voo, mudança do Hemisfério Norte para o Sul, Moçambique como destino.
Não conseguia pregar olho. Observava o firmamento e a mudança do seu sistema de constelações e os relâmpagos das trovoadas tropicais lá mais em baixo.
Espectáculo inolvidável: ver o nascer do Sol sobre o Deserto do Saara.
Nove horas da manhã. Aeroporto de Luanda de cujas instalações não chego a sair. Atravessar toda a África de Oeste para Este rumo à Beira-Moçambique. Daqui mais 2.000 Km até Lourenço-Marques (actual Maputo) em avião a hélices da “Air Malawi”, bem me lembro. Estive um mês em LM, entretanto a Zaida também se tinha metido a caminho e lá estávamos os dois, recém-casados, convencidos que o meu serviço seria naquela cidade.
Nada disso. Fui novamente mobilizado, dum dia para o outro, para seguir para Nampula, onde, entretanto, estava a ser instalado o Quartel General da RMM. Eu fazia parte dum grupo de 24 oficiais milicianos do SAM (Serviço de Administração Militar) que tínhamos tirado um curso de especialidade na EPAM, ao Lumiar em Lisboa.
A Inês acabou por nascer no Hospital de Nampula, em 1 de Setembro de 1969. Já na época, um Hospital moderno, com médicos de todas as especialidades, à base de oficiais milicianos (normalmente com a patente de capitão), serviço de primeira categoria. Quem nos dera que todos os Hospitais Portugueses funcionassem como aquele.
Nampula era uma cidade bonita, profusamente plantada com acácias vermelhas e algumas avenidas de duas vias e quatro faixas de rodagem. Com autorização especial do Comandante-Chefe da Região Militar leccionei disciplinas ligadas à Área Administrativa e Comercial na Escola Industrial e Comercial daquela cidade, desempenhando, ao mesmo tempo, as minhas funções militares de Chefe de Contabilidade do Conselho Administrativo duma Unidade Militar de Engenharia.
Tantas pequenas/grandes estórias que teria para contar, incluindo o acidente de automóvel (andávamos com carros que passavam de mão em mão e era só meter gasolina a menos de 3 escudos o litro) que me levou, inconsciente, para o Hospital Militar (era outro, também bem equipado). Quando saí do coma, umas 18 horas depois do acidente, tive oportunidade de me aperceber do ambiente infernal que se vivia no interior duma unidade de cuidados intensivos dos feridos em combate. Simplesmente horripilante e, para cúmulo, estávamos no auge da célebre operação militar “Nó Górdio” sob a orientação do General Kaúlza de Arriaga que, supostamente, reduziria drasticamente as acções da guerrilha. Nada disso aconteceu, como se sabe, e era de considerar já na altura do próprio planeamento da operação.
Estávamos em 13 de Junho de 1969. O avião da TAP levantava voo do Aeroporto de Lisboa. Eu ia lá dentro meio entontecido pelo momento de múltiplas emoções que me assaltavam o espírito. Esperavam-me 15 horas de voo, mudança do Hemisfério Norte para o Sul, Moçambique como destino.
Não conseguia pregar olho. Observava o firmamento e a mudança do seu sistema de constelações e os relâmpagos das trovoadas tropicais lá mais em baixo.
Espectáculo inolvidável: ver o nascer do Sol sobre o Deserto do Saara.
Nove horas da manhã. Aeroporto de Luanda de cujas instalações não chego a sair. Atravessar toda a África de Oeste para Este rumo à Beira-Moçambique. Daqui mais 2.000 Km até Lourenço-Marques (actual Maputo) em avião a hélices da “Air Malawi”, bem me lembro. Estive um mês em LM, entretanto a Zaida também se tinha metido a caminho e lá estávamos os dois, recém-casados, convencidos que o meu serviço seria naquela cidade.
Nada disso. Fui novamente mobilizado, dum dia para o outro, para seguir para Nampula, onde, entretanto, estava a ser instalado o Quartel General da RMM. Eu fazia parte dum grupo de 24 oficiais milicianos do SAM (Serviço de Administração Militar) que tínhamos tirado um curso de especialidade na EPAM, ao Lumiar em Lisboa.
A Inês acabou por nascer no Hospital de Nampula, em 1 de Setembro de 1969. Já na época, um Hospital moderno, com médicos de todas as especialidades, à base de oficiais milicianos (normalmente com a patente de capitão), serviço de primeira categoria. Quem nos dera que todos os Hospitais Portugueses funcionassem como aquele.
Nampula era uma cidade bonita, profusamente plantada com acácias vermelhas e algumas avenidas de duas vias e quatro faixas de rodagem. Com autorização especial do Comandante-Chefe da Região Militar leccionei disciplinas ligadas à Área Administrativa e Comercial na Escola Industrial e Comercial daquela cidade, desempenhando, ao mesmo tempo, as minhas funções militares de Chefe de Contabilidade do Conselho Administrativo duma Unidade Militar de Engenharia.
Tantas pequenas/grandes estórias que teria para contar, incluindo o acidente de automóvel (andávamos com carros que passavam de mão em mão e era só meter gasolina a menos de 3 escudos o litro) que me levou, inconsciente, para o Hospital Militar (era outro, também bem equipado). Quando saí do coma, umas 18 horas depois do acidente, tive oportunidade de me aperceber do ambiente infernal que se vivia no interior duma unidade de cuidados intensivos dos feridos em combate. Simplesmente horripilante e, para cúmulo, estávamos no auge da célebre operação militar “Nó Górdio” sob a orientação do General Kaúlza de Arriaga que, supostamente, reduziria drasticamente as acções da guerrilha. Nada disso aconteceu, como se sabe, e era de considerar já na altura do próprio planeamento da operação.
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Tive ocasião de conhecer a Ilha de Moçambique, passei lá 8 dias de férias. Por acaso, até tivémos problemas no regresso, porque choveu bastante, contrariamente ao que era habitual naquela área. Passavam-se anos em que não caia pinga de água.
As fotografias que se seguem são desse período, tiradas com uma "Kodak Retina S1":
Vista da praia junto à fortaleza da Ilha (do lado direito da foto). Um barco à vela aproximava-se. Estes barcos faziam a travessia desde as terras do continente Moçambicano e a Ilha. Os passageiros, pelo menos os de maior prestígio social, eram transportados em cadeira de braços humanos até terra firme e enxuta.
Em 24 de Maio de 1970. Preparativos para uma festa popular. Ao fundo o Índico. A ponte que ligava a Ilha ao continente ficava do lado direito da foto.
Aqui conviviam com facilidade várias religiões: cristã católica, ortodoxos e muçulmanos (estes em maioria).
(Aqui serão colocadas mais fotos)...
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asn
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