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Sunday, December 07, 2008

Em louvor da Laranjeira

O texto lê-se com facilidade ampliando-se as imagens, uma a uma. Constitui um autêntico tratado sobre a laranjeira escrito em 1932 pelo médico, Dr. Samuel Maia, o maior proprietário da minha aldeia natal, Casal, Ribafeita, Viseu - onde ainda hoje existe uma quinta dotada dum solar ao gosto aristocrático de fins do séc. XIX, princípios do séc. XX - e ilustre especialista de vinhos e vinhedos e, pelos vistos, também muito interessado na laranjeira, nas suas reconhecidas qualidades medicinais e na história da sua introdução na Europa e posterior divulgação por todo o mundo.

Já tive oportunidade de me referir ao Dr. Samuel Maia como insigne escritor, tendo, na sua época, sido muito considerado até nos meios literários Parisienses.

Pode consultar-se toda a matéria já registada neste blogue, seguindo o link respectivo do índice temático na barra lateral.

A maior parte do material que tenho recolhido devo-o à extraordinária amabilidade duma pessoa que, à primeira vista, não conheço, mas que me tem enviado pelo correio, livros e este almanach Bertrand de 1932. Evidentemente estou-lhe muito grato, Snr. António Leite.

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Tuesday, September 23, 2008

ADEUS A LEIRIA vindo de Aveiro

José Reinaldo Rangel de Quadros Oudinot foi um emérito investigador e divulgador da história de Aveiro e dos seus homens ilustres, nasceu e morreu nesta cidade, respectivamente em 19 de Março de 1842 e 22 de Julho de 1918. (1)
Foi professor, historiógrafo, dramaturgo, poeta e jornalista.
Disponho-me a esboçar alguns traços da sua personalidade, em circunstâncias meramente acidentais, se bem que, depois de ter tomado conhecimento mais profundo da sua vida e obra, tenha que o incluir no rol dos que vale a pena recordar e, dessa forma, estudar para com ele aprender facetas importantes da vida do homem ao longo dos tempos.
Acontece que, recentemente, recebi um e-mail do meu querido amigo António Leite, que conheço só por via da internet e da sua amabilíssima atenção que me tem prestado naquilo que vai encontrando em livros antigos (julgo ser bibliófilo, que me desculpe esta mera suposição) e que, como que por empatia natural, vêm precisamente ao encontro do meu manifesto interesse em determinados temas que tenho vindo a abordar no meu blogue “dispersamente”.
A última novidade que me fez o favor de enviar tem a ver com o “Novo Almanach de Lembranças Luso-Brasileiras” – edição de 1902 no qual descobriu um soneto de Samuel Maia(2) e um poema em III cantos, “Adeus a Leiria” de Rangel de Quadros.
Estes dois poemas tocam-me particularmente: o soneto “Esquecimento” de Samuel Maia por se tratar de um ilustre médico, vinicultor e homem de letras que já por diversas vezes aqui tive o privilégio de referenciar (além do mais é natural do Casal - Ribafeita e lá teve uma Quinta, de S. João, ponto de referência obrigatório); o poema de Rangel de Quadros por se referir a Leiria e nele esta terra secular e minha adoptada, ser cantada com a maior das doçuras e encantamentos.
-
Passo a transcrever a I parte do poema de Rangel de Quadros:

ADEUS A LEIRIA

Vou deixar-te, Leiria formosa!
Vou deixar teus jardins florescentes
E estas margens formosas, virentes,
Do teu brando e poético Liz!
- Vou! Adeus, alameda frondosa!
E por mim serão sempre lembrados
De Leiria os outeiros e prados,
Onde os dias passei tão feliz!
.Quantas noites passei gratamente
Junto aos choupos do lindo passeio!
Como ali procurava o meu seio
Um prazer innocente encontrar!
- Como é grato escutar na corrente
Os murmúrios do teu brando rio,
N´essas noites suaves do estio,
N´essas noites de puro luar!
.Vou deixar-te, castello vetusto,
Que me fazes trazer á memória
Esses tempos de fama e de glória,
Em que o mouro cedeu ao christão.
- Tu já foste gigante robusto,
Protector d´esta heróica Cidade,
Que em ti vê, com bem justa vaidade,
D´essa gloria um famoso padrão.

…………….
II


(1) “Apontamentos Históricos” de Rangel de Quadros . Ed. Da Câmara Municipal de Aveiro – 2000; O espólio de Rangel de Quadros, ficou cuidadosamente guardado pela sua sobrinha, a sra. D. Maria Gabriela Oudinot Larcher, residente em Leiria, que o depositou na Biblioteca Municipal de Aveiro, tendo a Câmara Municipal assumido o compromisso de ir publicando a obra de sei tio.
(2) ver índice temático (tag Samuel maia)
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Sunday, January 13, 2008

Samuel Maia - "Sexo Forte" - 1915





Um dia destes recebi de mão amiga, um livro de Samuel Maia(*), de quem já aqui tive oportunidade de falar, escritor e médico nascido na minha freguesia natal, Ribafeita - Viseu. Este livro, "Sexo Forte" foi acabado de escrever em Maio de 1917. Como facilmente se depreende, o estado de conservação do papel não é o melhor mas vou mandar encaderná-lo.
Aproveitei o ensejo para colocar três fotos: a primeira descreve a chegada a casa, da fidalga Beatriz e do padre Serafim (entre os dois acaba por se desenrolar um drama passional intensíssimo); a segunda, a contracapa do livro, contém uma lista de obras literárias de autores consagrados, entre os quais Afonso Lopes Vieira (Leiria) (repare-se nos preços e pasme-se com o efeito assustador da inflacção - pior ainda quando esta não é acompanhada com actualizações proporcionais dos salários de quem tem como rendimento somente o seu Trabalho) publicados pela "Portugal-Brasil Lda" Sociedade Editora, 58, Rua Garrett, 60 - Lisboa e Rio de Janeiro, Companhia Editora Americana, Livraria Francisco Alves;
a terceira, em baixo, revela-nos os dois motivos principais do texto da primeira foto: "os dourados frutos duma laranjeira" e "
as camélias floridas, sem aroma, marinhadas de sangue coalhado."
De permeio, nesta foto recente, o tronco duma roseira de rosas de Sta. Teresinha, como que esculpido por cinzel de escultor de alto coturno.
Gostaria de ter ocasião de voltar a falar deste livro, também pelo facto de, após a sua leitura, ter ficado com fortes suspeitas de que o seu enredo girará à volta duma zona que abrangerá toda a área de Mangualde e Nelas (apesar dos nomes das terras serem fictícios, ainda que, nalguns casos, parece-me terem sido construídos com partes dos nomes de duas localidades).
Não quero deixar de agradecer reconhecido o envio deste e mais dois outros livros, do princípio do séc. passado, os quais me dizem muito em particular, sem qualquer custo, para além das despesas de correio.

(*) Ler mais a partir do índice temático do blogue em "Samuel Maia".
- Também se pode consultar este endereço.



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Tuesday, April 17, 2007

Em Covelas - Ribafeita

Covelas é uma das aldeias que fazem parte da freguesia de Ribafeita, entre Viseu e S. Pedro do Sul. Há uns meses atrás deixei uma nota neste blogue sobre o grande médico e escritor, Samuel Maia, que, no seu livro "Mudança d´Ares", ed. de 1916, descreve magistralmente toda esta zona. No trajecto do Rio Vouga, que se vê numa das fotos, ainda hoje existem as poldras a que Samuel Maia se refere naquele seu livro. A narrativa tem a ver com a travessia daquele rio dum grupo de amigos, a cavalo. Há um que escorrega nessas poldras e cavalo e cavaleiro caem à água. Risota geral, que se prolongou do outro lado do rio, e começo da íngreme subida representada pelas encostas quase a pique, sobre o Vouga.

Castanheiros, na ligação entre a Igreja paroquial de N. Sra. das Neves e Covelas

A capela da Sra. dos Remédios.


Já perto de Covelas, vista do Rio Vouga a serpentear no meio de bosques e penedos, por entre serras e montes...



A "Rua do Volta atrás" em plena aldeia de Covelas. A verdade é que, chegando-se a Covelas, só há uma saída: dar meia volta e regressar pelo mesmo caminho.

O silêncio de paz quase mítico da região alcandorada nos contrafortes destas ravinas escavadas em socalcos, ainda hoje aqui e ali cultivados e aproveitados para o pastoreio de ovelhas, empresta a este local uma sensação intensa de isolamento e de conformismo, que só quem estiver muito agarrado à terra e aos seus ares e olhares é que a conseguirá viver em permanência.

- Estamos a visitar a freguesia de Ribafeita. Já fomos ao Casal, a Ribafeita (zona da Igreja), agora Covelas.

Continuaremos proximamente com uma passagem por Lufinha

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Thursday, April 05, 2007

Uma visita à freguesia de Ribafeita - Viseu

CASAL

Fonte da Barroca - Casal - Ribafeita - Viseu - 4 de Abril de 2007 - dia de Sol - uma hora da tarde.
Esta fonte foi construída, na sua forma actual, em 1946, conforme está escrito, em baixo relevo artesanal ,na própria pedra de onde sai a bica. A água provém da serra, era muito usada para todos os fins. Actualmente, com a água canalizada e o saneamento, já poucas pessoas se servem daquele precioso líquido.

Não é por falta de receptáculo que o correio deixa de ser entregue no endereço correcto.
Se bem me lembro era esta a eira onde a minha avó Maria de Jesus (1883-1971) com a ajuda das suas filhas (Dores, Aurelina,Adélia, Cassilda,Encarnação) e homens que se contratavam ou, simplesmente, ajudavam, malhavam as espigas de milho e outros cereais e leguminosas, cevada e feijão, sei lá que mais. Lembro-me vagamente de ter experimentado um mangual (pode ser que ainda faça um desenho dessa ferramenta tal como me recordo, tantos anos passados...).

O que resta dos "espigueiros" de antigamente (activos até aos anos 70, mais coisa menos coisa), que eram os abrigos e secadores das espigas de milho, depois de desfolhadas. Tinham uma estrutura-base em pedra granítica aparelhada e o entaipamento era feito em finas tábuas de pinho que deixavam passar o ar para que as espigas secassem. Daqui seguiam para a eira para serem malhadas e os grãos secarem. Quantas vezes não se tinha que recolher o grão todo para o palheiro ao lado, por causa da chuva!

Em segundo plano pode observar-se um carvalho (carvalha como se dizia, aliás os meus pais têm um pinhal/carvalhal que se chama "carvalha". Quantas vezes é que já não ardeu nos fogos dos últimos anos!)

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Em próximos posts gostaria de vos mostrar outros aspectos desta freguesia da Beira Alta: comecei pelo Casal (terra onde nasci). De seguida iremos à zona da Igreja Paroquial de Ribafeita, com uma vista panorâmica deslumbrante sobre uma extensão enorme do Rio Vouga. Junto ao portão do cemitério, no seu interior, existe uma cameleira(*) digna de ser propagandeada; tem, seguramente, segundo me garante o meu pai, com 83 de idade, mais de 100 anos...sei lá quantos mais não terá?! Seguiremos para "Covelas" - lembram-se das notas anteriores sobre o Dr. Samuel Maia e o seu livro "Mudança d´Ares", ed. de 1916? - a terra da azeitona, a minha mãe, hoje com 82 anos, bem se lembra dos anos em que andou na apanha da azeitona, a calcorrear aqueles caminhos íngremes e pedregosos, sempre com o serpentear agreste do Vouga lá bem no fundo dos montes! Iremos à Lufinha ver a sua capela e o coreto inaugurado há pouco tempo. Passaremos por Gumiei, cuja Escola Primária frequentei, ainda que por poucos meses. Lembro-me bem da cana que o professor Américo tinha sempre à mão! Gumiei é uma aldeia com grandes tradições, muitos vestígios de casas senhoriais, agora votadas praticamente ao abandono! Requer uma reportagem especial em tempo oportuno!

(*) Tenho fotos para mostrar. Redescobri outra acácia, no Casal, nas traseiras do casario do Eirô (meio-do-povo), que terá a mesma idade!?...

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Thursday, February 15, 2007

ANDRÉ BRUN vs Acácio de Paiva

Há uns meses atrás conheci, na Net, uma pessoa, que se está a revelar um inesperado amigo. Ainda não o conheço pessoalmente apesar de já termos trocado alguma correspondência. Começou por se mostrar a oferecer-me um livro, edição antiga, de SAMUEL MAIA (v. post anterior). Acabou por me explicar que tinha de sua posse uns livros que lhe tinham chegado às mãos por herança, mas que, na maior parte dos casos, estava interessado em se desfazer deles encontrando quem lhes pudesse dar uso e neles se mostrasse interessado.
Recentemente, sem despesas da minha parte, que não sejam as inerentes aos portes de correio registado, enviou-me um outro livro, por se ter apercebido do meu interesse particular no trabalho literário de Acácio de Paiva, conforme também já aqui foi focado. Foi assim que me chegou às mãos o livro de ANDRÉ BRUNDez contos de papelFolhinha de qualquer ano – contos e crónicas, um deles dedicado a ACÁCIO de PAIVA: “A “Serenata”, de Schubert”. O conto I está dedicado a Júlio Dantas e tem por título “A doida da minha rua”, um e outro autênticas preciosidades.
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André Brun (1881-1926), filho de franceses, autor de prosa divertida e de humor subtil e generoso, ao atingir a maioridade pediu licença ao pai para optar pela nacionalidade portuguesa.
Foi um dos fundadores da sociedade de que resultou a SPA - Sociedade Portuguesa de Autores.

Assim termina o conto com dedicatória a Acácio de Paiva. Mesmo não se tendo lido todo o enredo deste texto literário, facilmente se antevê o fino humor que lhe serviu de fio condutor. A condizer, aliás, com a peculiaridade humorista do poeta Leiriense Acácio de Paiva.

Sunday, November 26, 2006

Um livro de 1916 - Samuel Maia

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Não conhece o médico e ilustre escritor Samuel Maia?
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Nome: Samuel Domingos Maia de Loureiro
Nascimento: 1874, Ribafeita, Viseu
Morte: 1951, Lisboa
Médico, romancista, poeta e dramaturgo

Em 1929, um artigo no parisiense "Le Figaro"(*) sobre os escritores mais importantes de Portugal refere-se a Eugénio de Castro, Augusto Gil, António Nobre, Aquilino, Samuel Maia, Lopes de Mendonça e Ferreira de Castro (FRANÇA: 129). Ou seja, o autor viseense gozava então de uma incontestável centralidade, o que, talvez por força dos modismos, até dos próprios profissionais da literatura, não se verifica na actualidade.
Também já me referi a Samuel Maia em post anterior.
Hoje volto a este assunto derivado a uma circunstância algo invulgar. Há dias recebi um e-mail com remetente que se identificou como sendo de Leça da Palmeira e que me anunciava que tinha de sua posse o livro “Mudança d´Ares” de Samuel Maia.
Muito gostaria de saber das voltas que este livro terá dado desde a data da sua publicação em 1916. O meu interlocutor refere-se ao espólio de uma herança e que tinha muita pena se este livro acabasse por ter um destino menos digno. Soube que eu me interessava pelo trabalho de Samuel Maia, através de tentativas ensaísticas publicadas na Net baseadas no trabalho de Martin Sousa. Por sinal, este investigador, na altura da publicação do seu trabalho, mostrava-se indeciso quanto à data da publicação deste livro: 1915?1916?
Resumindo e concluindo: aquele livro acabou por me chegar às mãos.
Foi com grande emoção que o folheei, muito velhinho mas conservado, com todas as folhas, capa e contracapa. Trata-se de um romance, muito entrelaçado com cartas de Lisboa para a Beira Alta e vice-versa. Foca interessantíssimos aspectos da vida daquela época, quer na cidade de Lisboa, quer nas terras do interior Beirão, centralizado muito na zona da freguesia de Ribafeita, em Viseu – segundo as minhas deduções, após a sua leitura.
Mandei-o encadernar, aqui em Leiria, numa oficina que tem um Mestre nesta arte, pessoa idosa, com uma sensibilidade para este tipo de trabalhos fora do vulgar. Diz que, lamentavelmente, já não há quem queira aprender aquela arte.
A minha emoção é mais particularmente intensa porque o Dr. Samuel Maia foi uma figura incontornável ligada à minha aldeia natal. Foi senhor da Quinta do “Cimo do Povo”, uma referência importantíssima para o lugar de Casal, ainda hoje, e que continua nas mãos de um seu neto.
Tempos houveram em que a população do Casal de Ribafeita vivia, numa grande medida, do trabalho "à jorna", nas terras do Dr. Samuel Maia, que eram muitas.
Ainda me lembro, nas minhas frequentes e prolongadas idas à aldeia, de ver grupos de mulheres a irem “para as ceifas” da cevada e do centeio. À noite juntavam-se todas numa grande sala, lá dentro uma grande mesa, na qual ceavam à farta.
Também fazia parte da “paga” a autorização para ir apanhar em determinado dia, cerejas das boas e vistosas cerejeiras, que havia nas ditas propriedades do Dr. Samuel Maia/herdeiros.
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(*) A referência, no documento guia, ao parisiense "Le Monde" só poderá ser entendida como um lapso do investigador com cujo trabalho me iniciei neste meu modesto estudo com as motivações que já expus. De facto, o jornal parisiense que circulava na época em análise chamava-se "Le Figaro", fundado em 1854 e que acompanhou de perto os movimentos literários do Naturalismo/Positivismo e do Simbolismo. Samuel Maia começou por ser um Naturalista convicto, bastando para isso reparar nos seus trabalhos sobre a vinha e o vinho, entre outros.
O "Le Monde" relacionando-o com o famoso jornal parisiense da actualidade foi fundado em 1944.
Agradeço também a ajuda preciosa de quem me tem dado umas dicas por e-mail.